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Melles: “Política para mim é missão”

06/02/2017

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Dos 513 deputados federais, somente 26 tem seis mandatos consecutivos, e entre estes, está o mineiro Carlos Melles, uma das maiores lideranças políticas de Minas e do Brasil. Dos cafezais do Sudoeste de Minas Melles partiu para Brasília, ocupando importantes posições na Câmara dos Deputados. O primeiro mandato dedicou quase que integralmente à agricultura e ao cooperativismo, com conquistas históricas, que deram fôlego e sustentação ao setores. Foi relator do Orçamento Geral da União para 2000, e depois chegou à Esplanada dos Ministérios como ministro do Esporte e Turismo na gestão do presidente Fernando Henrique. A grande capacidade de trabalho, articulação e de diálogo, levaram Melles à presidência estadual do Democratas e à vice-presidência nacional do Partido – ao qual é filiado desde o início de sua vida política. Mais recentemente, foi chamado pelo então governador Antônio Anastasia para comandar uma das principais pastas do governo de Minas, a Secretaria de Transportes e Obras Públicas. Atualmente preside na Câmara a Frente Parlamentar do Café e a Frente Parlamentar do Geografia, Estatística e Meio Agroambiental, ambas com mais de duas centenas de senadores e deputados. Para conhecer um pouco mais sobre essa história de vida pública, bem como os novos desafios do deputado e sua visão para o futuro, Carlos Melles concedeu uma entrevista para a Folha.

Folha – O senhor tem uma extensa trajetória como homem público. Como é o desafio de ser político?

CM - Estou no sexto mandato consecutivo de deputado federal, coisa muito rara na política nacional, e posso garantir: continuo com a mesma motivação de quando iniciei. E a razão é muito simples, a política para mim é uma missão, missão de servir ao próximo. Desta forma, eu enxergo este desafio com absoluta dedicação e graças a Deus estamos retribuindo a confiança da população com obras e serviços. Posso olhar nos olhos de cada cidadão das cidades de nossa região e afirmar que fizemos muito, e temos como comprovar, e isto faz toda a diferença. Avançamos como nunca em setores diversos para o desenvolvimento e a qualidade de vida, mas de nada adianta se não continuarmos seguindo em frente, porque há muito a fazer, e é pela política que vamos conseguir unir as pessoas em torno das prioridades regionais.

Folha – Qual a sua principal realização como homem público?

CM - Não é tarefa fácil para qualquer político mostrar para a população aquilo que fez, e enfrento isso a todo momento, apesar do permanente esforço que faço nos diferentes meios de comunicação de massa. Mais difícil ainda será enumerar alguma obra ou investimentos que julgamos como sendo a principal realização, porque de certa forma, sejam pequenas ou grandes conquistas, todas são importantes para as pessoas. Às vezes as pessoas me agradecem pelo asfalto numa rua, algumas pelos recursos sociais para asilos, apaes, creches, entidades assistenciais; outras pelas casas populares, e muitas outras pela implantação de grandes projetos como o Hospital Regional do Coração, pela pavimentação de tantas estradas – como a BR 146 e BR 265, ou ainda pelo apoio a Santa Casa de Passos, especialmente na construção da Unidade Materno Infantil e pelo apoio que pudemos oferecer ao Hospital do Câncer. Desta forma, a grande realização é a região ter voltado com sua legítima representação política e a sua voz respeitada, verdadeiramente me realiza é ver que temos um legado de obras que ficam pra sempre na vida das pessoas, e fazem nossa gente mais feliz, com maior qualidade de vida.

Folha – Mas o senhor se considera um bom deputado?

CM - Naturalmente quem tem que responder isso é o povo, e acredito que a população ao longo dos anos deu essa resposta, me elegendo deputado por seis vezes consecutivas. Ninguém consegue se manter na vida pública se não tiver serviço prestado, confiança, credibilidade, se não tiver nome limpo, se não estiver ao lado do povo. Como parlamentar, tive a responsabilidade de participar de projetos vitoriosos para o país, para citar um só exemplo no emprego, lembro a todos que fui o relator do MEI (Microempreendedor Individual), e presidente da Comissão que aprovou o Simples Nacional, medidas que desburocratizaram e formalizaram milhões de trabalhadores e microempresas. Numa outra visão, como deputado da região representando os nossos municípios, nestes 20 anos tenho como marca a impressionante destinação de mais de R$ 1,5 bilhão para aplicação em setores vitais. Vocês imaginam o impacto disso no desenvolvimento da saúde, da educação, nos transportes, na habitação, enfim, como também no emprego. O que o povo espera e merece é uma política de trabalho e de resultados, só vale estar na política se for para servir, por isso me sinto realizado e estimulado a seguir na política. Outro ponto importante é termos uma força parlamentar realmente da região, com deputados federais e estaduais atuando em conjunto nas grandes demandas. Não podemos desperdiçar votos com aventureiros, precisamos valorizar nossa representação legítima.

Folha – O senhor é um parlamentar de muitas tarefas no Congresso. O que está na sua pauta atualmente?

CM – O momento agora é de trabalho para retomar a atividade econômica e acelerar as reformas estruturantes que o país precisa, a pauta central é a aprovação das medidas de interesse do país, e temos um conjunto de reformas (Previdenciária, Trabalhista, Tributária e Política), medidas necessárias para poder adequar o tamanho do estado especialmente à questão fiscal e para colocar o pais nos trilhos.
As atribuições realmente são muitas e haja planejamento e equipe para dar respostas a tudo. Tenho uma equipe excepcional que me acompanha desde o início e isso faz uma diferença muito grande nas tarefas que tenho que desempenhar, seja nos municípios, na região, no estado, no país.
Mas eu vou me ater a uma outra questão que considero extremamente relevante que é o apoio que estamos oferecendo aos micro e pequenos empresários, aos empreendedores brasileiros. Você sabe que fui o relator do Microempreendedor Individual, o MEI, e presidi a comissão que aprovou o Simples Nacional, isso a partir de 2006. De lá pra cá estamos atuando sem descanso na modernização e ampliação dessa legislação, até que chegamos em outubro do ano passado no projeto Crescer sem Medo, que incluiu setores e milhares de trabalhadores na formalização, como exemplo, os salões de beleza, cervejas e vinhos artesanais, cachaças, entre outros. Isso foi um ganho fantástico para o país. Hoje são mais de 6 milhões de MEI´s (empreendedores individuais) e mais de 11 milhões de optantes para o Simples Nacional. Mas sendo objetivo, apresentamos e conseguimos aprovar a figura do MEI Rural, ou seja, muito em breve 17 milhões de trabalhadores rurais terão os mesmos benefícios, oportunidades e opções que o pessoa que trabalha como MEI na área urbana.

Folha – Como o senhor avalia o fato das pesquisas apontarem uma forte rejeição aos políticos?

CM - Não há dúvidas de que há um desnível entre uma rejeição da população aos políticos e as demandas por melhorias públicas, mas eu entendendo que o repúdio deve ser aos maus políticos, porque não é bom para a democracia essa generalização de que todos os partidos políticos e os políticos não prestam. A saída é pela política. O aprimoramento dos serviços sociais, da infraestrutura urbana e rural, das políticas públicas, depende de governos eficientes e eficazes e da eleição de pessoas verdadeiramente comprometidas com estas pautas. Estou no Partido Democratas desde que entrei na política, e no partido não tem choro: comprovou desvio de conduta, é convidado a sair, por isso somos uma sigla hoje reconhecida pela correção e coerência. Mas a boa escolha de representantes políticos é uma tarefa que cabe também à população, na hora do voto. 

Folha – Qual foi o legado que o senhor deixou como secretário de Transportes e Obras?

CM – Primeiramente tenho que me orgulhar de ter sido parte integrante da equipe competente dos Governadores Aécio Neves e Antonio Anastasia. O choque de gestão simbolizou a retomada de Minas no cenário nacional. As boas práticas de gestão sempre estiveram presentes.
Tenho muito orgulho em dizer que fizemos uma gestão de resultados e que promoveu o setor de transportes e obras em Minas, e traduzindo isso em números, rapidamente destaco que no período de nossa administração conseguimos investir R$ 14,5 bilhões em infraestrutura, por meio dos órgãos executores DER/MG, DEOP (Departamento de Obras Públicas) e a Metrominas. É muito dinheiro em programas como o ProAcesso (vocês imaginam, são 230 trechos asfaltados em todo o Estado), ProMG (imagem também mais de 8.000 km de estradas impecáveis, só neste programa foram investidos mais de R$ 2 bilhões entre 2006 a 2013), ProSeg, PPP MG 050, ProAero, Obras públicas como penitenciárias, a construção do Estádio do Independência, apoio à infraestrutura municipal, atendimento a emergências de chuvas e outros desastres, entre tantos outros. Na prática, para o cidadão comum, isso se transformou em dezenas de trechos rodoviários asfaltados, em milhares de mata burros e tubulões para canalização, em obras de grande porte de escolas, presídios, aeroportos, ou ainda no grande canteiro de obras da MG 050, por meio do sistema de concessão. Outro ponto foi a aceleração do programa Caminhos de Minas, em nossa gestão com mais de 60 obras em fase de execução e outras 95 com projetos de engenharia, muitos deles aqui na região. Outro programa que me chama muito atenção foi o ProMG,que citei acima, quando não tínhamos sequer uma rodovia na região sem recuperação imediata, por força de contrato. Isso tudo parou agora, no atual governo, o que é lamentável, porque as rodovias já estão começando a sentir a falta de manutenção.

Folha – Duas perguntas sobre a MG 050: o senhor está satisfeito com a PPP? E o trevo da Arlindo, em Passos?

A PPP da MG 050 é simbólica porque foi a ousadia de ser a primeira PPP do Brasil, por isso a preocupação, a responsabilidade sobre essa Parceria Público Privada que sempre mereceu atenção diferenciada e especialmente minha, quando fui Secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas.
Ela teve problemas no início, muito em função dos parceiros da PPP, mudanças de parceria ou de parceiros. Nem eu, nem os mineiros e nem os usuários estavam satisfeitos com essa PPP 050. Enfrentei com apoio do Governo Anastasia, da Assembleia de Minas, e propagamos um reequilíbrio contratual que considero um sucesso. As obras estão todas a olhos vistos.
Eu sempre defendi e tenho em mente que precisamos unir todas as forças para a duplicação total da rodovia entre Paraíso à região metropolitana da BH. É uma obra cara, mas é estruturante e estratégica. Um desafio bom, como foi a BR 265 e BR 146, que em 1998 ninguém imaginava ou acreditava, federalizamos os trechos, fizemos a maior parte da pavimentação, restando os pequenos e importantes trechos aqui em Passos e próximo de Bom Jesus que vamos vencer. 
Mas nesse imenso conjunto de obras que realizamos na MG 050, com intervenções expressivas aqui na região, o trevo da Arlindo sempre esteve priorizado. Ocorre que atendi ao anseio das lideranças e da população de Passos e refizemos todo o projeto do trevo, que passou para dois níveis, e isto demandou tempo. Neste período houve a troca de governo, deixamos a secretaria, e agora a decisão está com o atual governo e a concessionária. Deixei tudo pronto para um trevo de primeira, do jeito que Passos pediu.

Folha – Estamos vivendo um momento novo no país com a Lava Jato. O que o senhor pensa a respeito?

CM - Há poucas semanas vocês devem ter acompanhado quando votei na Câmara dos Deputados a favor da Lava Jato e contra a punição dos juízes e promotores, e não podia ser diferente. A vida toda me comporto desta forma. A ofensiva contra a corrupção é uma conquista de todos os brasileiros. A Lava Jato, assim com outras ações anticorrupção, precisa sempre ter o apoio de toda a sociedade, depende do apoio de milhões de brasileiros corretos que não aguentam testemunhar tanta impunidade, envolvendo políticos, mas também grandes empresas e empresários. Graças a Deus tenho uma vida limpa, e precisamos resgatar de uma vez por todas a moralidade na vida pública. Não só com a Lava Jato, como também com as mudanças que estão havendo a partir do novo governo federal, e as posições corajosas de mudanças implementadas pelo Congresso, não tenho dúvidas de que um novo Brasil vai emergir, e que possa ser mais justo e igualitário para os brasileiros.

Folha – Deputado, o senhor atua em diversas frentes, mas a agricultura continua como prioridade?

CM - Olha, cada vez mais tem menos gente disposta a defender o produtor e o trabalhador rural, e a própria sociedade urbana muitas vezes não percebe a importância do campo. É dali que sai praticamente tudo. Se temos um prato com arroz, feijão, carne e verduras, se temos o café, leite e pão, ou ainda se bebemos uma cerveja, um vinho, ou usamos calçados de couro e roupas de algodão, então devemos agradecer ao pessoal que luta na roça, sem eles, isso e muito mais não estaria presente em nossas vidas. Sou produtor e agrônomo, por isso essa é uma luta que tenho como missão de vida. Na política, nos últimos anos, conseguimos vencer grandes batalhas e trouxemos importantes conquistas, mas ainda não conseguimos vencer a maior de todas as lutas que é ter pra valer uma política agrícola efetiva, de médio e longo prazos. Não adianta comemorar que o agronegócio vai injetar mais de R$ 220 bilhões no país nesta safra, a pergunta é quanto sobra no bolso de quem produz. Tudo isso é muito bonito como manchete, mas da porteira pra dentro o produtor sabe como é dura sua luta. O Brasil sempre deu um show de tecnológica, de produção e produtividade, mas precisa recompensar a eficiência do produtor.

Folha – O senhor será candidato nas próximas eleições?

CM – Serei candidato. Como disse no início, essa é uma missão e o momento é particularmente muito promissor. Temos uma base de sustentação muito consistente nos municípios, com prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e ex-dirigentes municipais, dirigentes do Democratas e dos mais diversos partidos. E temos também o apoio popular, em função de nossa história de trabalho, da credibilidade, experiência, forte relacionamento, e em função do volume de obras e recursos que estamos conseguindo, especialmente agora com o governo Temer, que está colocando ordem na casa e liberando nossas emendas. Para vocês terem uma ideia liberamos em 2016 mais de R$ 9 milhões para a região, e ainda temos mais R$ 15 milhões a liberar com contratos assinados. Para 2017 temos outros R$ 15 milhões, e fora as emendas, temos os grandes projetos que estamos tocando, como as estradas 146 e 265, o campus da Ufla, o reforço na saúde regional, entre muitos outros. De maneira que temos um caminho muito preparado para uma reeleição a deputado federal, como temos a responsabilidade de estar num grupo amplo de 13 partidos discutindo a sucessão do governador e a eleição para o Senado. Meu compromisso é servir, e as lideranças e o povo sinalizarão o caminho que devemos seguir, com a esperança que a consistência do trabalho realizado nesses seis mandatos, o apoio, o relacionamento que temos com o Governo Federal, a expectativa no novo Governo de Minas, a amizade, a relação de credibilidade possa ser nossa apresentação.